O debate entre Agostinho e os pelagianos é um divisor de águas na história do mundo ocidental. O debate continua de muitas maneiras. Dentre os pelagianos, o mais erudito foi Juliano, bispo de Eclano, filho de um bispo e um voraz leitor de literatura grega, incluindo Platão e Aristóteles. Ele foi o crítico mais ferrenho de Agostinho em sua velhice. Juliano vinha de uma linhagem nobre e era casado com a filha de outro bispo, Emílio de Benevento.
Nessa obra temos dois livros dos seis que compõem o debate entre Agostinho e Juliano. No primeiro livro de Contra Juliano, Agostinho se propõe a defender a doutrina do pecado original, apresentada no Livro 1 de De nuptiis et concupiscentia, contra o bispo Juliano, que o acusou de maniqueísmo. No entanto, Agostinho se defende citando os pais da Igreja latina e grega, com explicações detalhadas de citações de Basílio e João Crisóstomo. Ele também argumenta que são certas declarações precipitadas de Juliano que fortalecem a heresia maniqueísta, não sua doutrina.
No livro 2, Agostinho refuta os cinco argumentos de Juliano contra o pecado original, que são:
1. Se Deus é o criador dos homens, não é possível que nasçam com qualquer defeito.
2. Se o matrimônio é um bem, nada mau pode nascer dele.
3. Se no batismo são perdoados todos os pecados, os nascidos de pais batizados não podem contrair o pecado original.
4. Se Deus é justo, não pode punir nos filhos os pecados dos pais, pois perdoa aos pais os seus próprios pecados.
5. Se a natureza humana é capaz de alcançar a perfeição, não pode ter vícios naturais.
A partir dos pronunciamentos de autoridades eclesiásticas famosas anteriores — os grandes bispos Irineu, Cipriano, Retício, Olímpio, Hilário, Gregório Nazianzeno, Ambrósio, Basílio, João de Constantinopla, Inocêncio e Jerônimo — e de inúmeras citações bíblicas, Agostinho refuta cabalmente os argumentos de Juliano.
Livros que resgatam a boa Teologia Reformada.